quarta-feira, 30 de março de 2011

Devo acreditar em corretoras e analistas?

Alguns dias atrás eu estava folheando uma revista especializada na área de investimentos e me deparei com uma reportagem sobre a Petrobrás. Tal reportagem se referia ao futuro da companhia, que era visto com otimismo mas não sem incertezas. Logo abaixo da reportagem, me chamou a atenção um quadro com o preço-alvo das corretoras e instituições financeiras para a ação da empresa. Vejamos:


Amaril Franklin > R$ 58,89
Planner > R$ 48,60
Spinelli > R$ 45,00
BB Investimentos > R$ 45,00
Votorantin Corretora > R$ 45,00
Gradual > R$ 43,78
HSBC > R$ 36,00
Citigroup > R$ 32,00
Link Investimentos > R$ 31,60
Ágora > R$ 31,30
Fator > R$ 24,61

Todas essas corretoras são altamente qualificadas e contam com um quadro de funcionários muito competentes, porém, na tentativa de prever o futuro, desfrutam da mesma probabilidade de acerto que você e eu. A discrepância entre os preços-alvos fala por si. Cada ação que compõe o Ibovespa está recheada dessas previsões: "Corretora X reduz o preço-alvo de XYZA4 com upside revisado de 12%", como se o irracional e imprevisível mundo do mercado financeiro fosse dar ouvidos à tamanha bobagem. É importante que você não se deixe levar por esse tipo de previsão, pois, em sua grande maioria, não funcionam. Porém, se você confia cegamente na sua corretora, analista, instituição financeira ou guru, sugiro que pegue as últimas previsões e veja a porcentagem de quantas se concretizaram.

Há algumas décadas atrás, no ano de 1983 mais precisamente, o jornal The New York Times realizou uma pesquisa para avaliar o rendimento dos administradores profissionais do dinheiro. Naquele ano, o índice S&P500 havia subido 22%. Ou seja, se nós, meros investidores/especuladores tivéssimos obtido 22% de ganho com nossas carteiras de ações ou especulações, estaríamos na média. Bem, o resultado da pesquisa foi que 60% desses administradores profissionais ficaram abaixo disso.

Creio que não preciso me alongar muito a respeito desse tema...

Lembre-se disso: Ninguém além de você será capaz de tomar decisões tão inteligentes e oportunas a respeito das suas finanças.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Investido em ações no longo prazo

"Acredito que o dinheiro perdido em especulações é uma ninharia comparado às gigantescas somas perdidas pelos assim chamados investidores, que deixam seus capitais empatados durante muito tempo num só negócio. Do meu ponto de vista, os investidores são os grandes jogadores. Fazem uma aposta, plantam-se nela e, se der errado, podem perder tudo. O especulador inteligente agirá rapidamente, mantendo as suas perdas no mínimo" Jesse Livermore


Será que, assim como muitos acreditam, todo investimento com foco no longo prazo dará retorno garantido? Será que é só comprar ações de boas empresas e pronto, sua aposentadoria estará garantida? Vejamos o exemplo abaixo:

A Enron foi uma das companhias líderes no mundo em distribuição de energia e na área de comunicações. Seu faturamento atingiu $101 bilhões de dólares em 2000, sendo a sétima maior empresa do Estados Unidos. Foi eleita pela Fortune Magazine como “a empresa americana mais inovadora” por seis anos consecutivos, de 1996 a 2001. Uma ótima empresa para se investir no longo prazo, não?! Tudo parecia um mar de rosas... Os investidores compravam ações extramemente convictos de um excelente negócio. Porém, em meados do ano de 2001 uma fraude gigantesca foi descoberta e as ações da empresa  despencaram de íncríveis US$ 86 para pífios US$ 0,30. O gráfico abaixo fala por si só…


A história da Enron é intrigante, virou filme inclusive (“Enron, os mais espertos da sala”). Acabou arrastando para o buraco uma das maiores empresas de auditoria do mundo, a Arthur Andersen, e teve como desfecho muitos processos, multas, indenizações , gente presa (sim, lá isso dá cadeia) e, principalmente, investidores falidos. Embora casos como esse sejam meras exceções, infelizmente, podem acontecer com qualquer empresa, inclusive com as que você investe.

Obviamente que não estou o desencorajando a investir com foco no longo prazo. Longe disso. Warren Buffet está aí para nos provar o quão rentável pode ser esse estilo de investimento. Porém, investir a longo prazo pode nos dar a falsa impressão de total segurança, de tudo estar sob o mais absoluto controle - o que é perigoso. Como vimos, por mais promissora que pareça tal empresa ou  investimento, algo pode dar errado. Afinal de contas, a economia muda. Setores promissores hoje, podem não ser mais tão promissores amanhã. Um idiota corrupto, quem sabe, pode se tranformar no presidente da empresa à qual você investe. O leque de opções beira o infinito.

Na verdade, o grande trunfo dos investidores é comprar ações de uma empresa que ainda não despertou a atenção dos demais investidores (small cap) para, muitos anos depois, venderem com lucros extraordinários. Porém, para comprar ações de uma Google quando ainda ninguém havia ouvido falar disso, era preciso muita visão de futuro e segurança em sua capacidade avaliação. Uma tacada certeira dessas pode fazer você ganhar muito dinheiro. Muito mesmo! Outra maneira de investir em ações no longo prazo é comprar ações de boas pagadoras de dividendos. Na Bovespa, as empresas ligadas a energia elétrica, geralmente, correspondem a essas expectativas. Se você pretende se tornar um grande investidor, estude Warren Buffett, Benjamin Graham, Peter Lynch e, consequentemente, análise fundamentalista.

Conclusão: Investir no longo prazo pode ser um ótimo negócio, porém, se seu investimento se mostrar uma droga, como no caso da Enron, caia fora o mais rápido possível.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Quebra de Bolsa de Nova Iorque (1929)

CRASH NA BOLSA DE NOVA IORQUE! INVESTIDORES E ESPECULADORES FALIDOS! WALL STREET EM PÂNICO! 13 MILHÕES DE AMERICANOS DESEMPREGADOS! CRISE MUNDIAL! 


Os estudiosos muito divergem em relação às causas do crash da Bolsa em 1929 bem como de suas terríveis consequências. Vamos aqui nos ater apenas a uma das causas: a especulação desenfreada. O mercado financeiro se comportava de maneira alucinada. Todos queriam comprar ações! Algumas pessoas hipotecavam suas casas e emprestavam dinheiro para entrar no mercado. A euforia fez com que o preço das ações subissem a níveis que, nem de longe, correspondiam ao valor real das empresas. Penso que tentaram criar um padrão (quinto grande axioma) para o mercado financeiro: “Compre ações, que o ganho é certo”, “Compre a 30 e venda a 60 no próximo ano”. Porém, em outubro de 1929, o castelo de cartas começou a desmoronar.  A bolha estourou! A onda de otimismo se transformou em desconfiança, seguida de pessimismo e, por último, pânico!

Investidores, especuladores e curiosos se concentram em frente a Bolsa de Nova Iorque em 24 de outubro de 1929, dia que ficou conhecido como a "Quinta-feira Negra". O índice começou o dia com desvalorização de 22%, porém, fechou em leve baixa de 2%.

Todos queriam vender suas ações a qualquer preço. O efeito manada fez com que milhões de ações fossem colocadas a venda sem que houvessem compradores. Suas cotações caíram a níveis ridículos. Desde pequenos investidores de médio e longo prazo à especuladores renomados ficaram falidos. A foto abaixo é um típico retrato da situação daqueles dias.

Especulador falido põe seu carro de luxo à venda por apenas 100 dólares. "Perdi tudo no mercado financeiro".

O gráfico abaixo nos dá uma clara idéia do que aconteceu naquele fatídico mês de outubro de 1929. Porém, a desvalorização continuou até meados de 1932, onde atingiu seu ápice de 90,5%. Foi somente a partir de então que as coisas começaram a melhorar, porém, Wall Street demorou 25 anos para recuperar o valor de mercado que tinha antes de 1929.


Para se ter uma idéia, a ação da New York Central Railroad custava US$ 257, três anos depois estava a US$ 9; Radio Corporation caiu de US$ 574 para US$ 12 e GM despencou de US$ 1.075 para US$ 40.

O Crash da Bolsa em 1929 ajudou a criar algumas lendas, como a de Joseph Kennedy, pai do ex-presidente americano John Kennedy. Reza a lenda que certa manhã de quarta-feira, Kennedy, dono de uma grande carteira de ações, parou para engraxar seus sapatos e ficou extremamente surpreso ao receber conselhos de investimento de seu engraxate. Como o mercado de ações era ambiente de investidores ricos e pessoas de renome na época, Kennedy julgou que algo estava errado. No mesmo dia, se desfez de toda a sua carteira. A partir do dia seguinte, as ações começaram a derreter, mas Kennedy estava fora.
Verdade ou não, tudo isso nos deixa uma preciosa lição, muito difundida por Décio Bazin em seu livro Faça Fortuna com Ações Antes que Seja Tarde: “Depois do Boom, sempre vem o Crash“.

Fontes: “A Suíca e a Grande Crise Mundial“, em http://www.swissinfo.ch. “Efeméride: 80 anos da Grande Depressão“, em http://janelanaweb.com